Acordo de defesa mútua entre Moscovo e Pyongyang entrou em vigor

por Cristina Sambado - RTP
Concluído durante a rara visita de Vladimir Putin a Pyongyang, em junho, este tratado foi ratificado pela câmara alta do parlamento russo Sputnik/Vladimir Smirnov/Pool via

O acordo de defesa mútua entre a Rússia e a Coreia do Norte entrou em vigor esta quinta-feira, anunciou o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.

Os vice-ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países trocaram esta quinta-feira, em Moscovo, as cartas de ratificação do documento, que prevê uma “assistência militar imediata” recíproca em caso de ataque a um dos dois países, segundo um comunicado da diplomacia de Moscovo.

O tratado “entrou em vigor a 4 de dezembro de 2024, data da troca das cartas de ratificação”, refere o comunicado de imprensa.Concluído durante a rara visita de Vladimir Putin a Pyongyang, em junho, este tratado foi ratificado a 8 de novembro pela câmara alta do Parlamento russo.

O acordo formaliza meses de aprofundamento da cooperação em matéria de segurança entre os dois países, que foram aliados comunistas durante a Guerra Fria.

“A entrada em vigor do Tratado ajudará a reforçar a cooperação bilateral multifacetada (...) e dará um contributo estabilizador para a criação de um sistema de segurança indivisível no Nordeste Asiático e na Ásia-Pacífico em geral”, afirmaram os diplomatas russos.

A Rússia e a Coreia do Norte aproximaram-se consideravelmente desde o início do ataque russo à Ucrânia em 2022.

O acordo também obriga os dois países a cooperar a nível internacional para se oporem às sanções ocidentais e coordenarem as suas posições nas Nações Unidas. A Coreia do Norte enviou entre 10 mil a 12 mil soldados para a Rússia, para ajudar Moscovo na sua guerra contra a Ucrânia, passo que foi classificado pelo Ocidente como uma "grande escalada" do conflito.

Em junho, Putin descreveu o acordo como um “documento revolucionário”.

Segundo especialistas citados por agências internacionais, o líder norte-coreano Kim Jong-un quer adquirir em troca tecnologias avançadas de Moscovo e experiência de combate para as suas tropas.

No final de novembro, funcionários do Governo sul-coreano e uma organização de investigação afirmaram que Moscovo estava a fornecer a Pyongyang combustível, mísseis antiaéreos e ajuda económica em troca.

Kim afirmou na passada semana, durante uma visita a Pyongyang do ministro russo da Defesa, Andrei Belousov, que os seus Governo, exército e povo "apoiarão invariavelmente a política da Federação Russa de defender a sua soberania e a sua integridade territorial".

Por sua vez, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, alertou na quarta-feira que a Rússia está a apoiar o programa nuclear norte-coreano, enquanto Pyongyang está a ajudar Moscovo com militares no conflito na Ucrânia, realçando que até os Estados Unidos estão ameaçados com tal cenário.

O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos acrescentou que há sinais de um "alinhamento cada vez maior" entre Rússia, China, Coreia do Norte e Irão, nomeadamente no que diz respeito ao conflito na Ucrânia, e que parte desse alinhamento passa pelo apoio do Kremlin ao programa nuclear norte-coreano.

Ao enviar tropas, a Coreia do Norte posiciona-se dentro da economia de guerra russa como fornecedora de armas, apoio militar e mão-de-obra, podendo mesmo contornar o seu aliado tradicional, vizinho e principal parceiro comercial: a China.

Pequim, por seu lado, é acusada de ajudar Moscovo a contornar as sanções ocidentais e é suspeita de enviar drones para a Rússia. O Irão também é acusado de fornecer drones e mísseis às forças de Moscovo.

c/ agências
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